domingo, 5 de março de 2017

Por que o 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?

Conceição Sant’Anna

A cultura patriarcal remonta à Grécia Antiga, época em que as mulheres eram consideradas inferiores e existiam apenas para satisfazerem os homens e manterem sua descendência. O poder e a tomada de decisão (familiar, econômica e política) cabiam apenas aos homens.

Os ideais da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade permitiram que a cultura patriarcal fosse posta em xeque. Contudo, essa cultura se enraizou de tal forma no inconsciente coletivo que, nos dias atuais, o machismo ainda se faz presente.



Embora muito se tenha avançado, não obstante, a mulher é vista como objeto de posse, constantemente desvalorizada, econômica e socialmente, e com os direitos sexuais e reprodutivos ignorados. As agressões físicas e psicológicas, os espancamentos e mutilações, o feminicídio (homicídio de mulheres pelo simples fato de serem mulheres) no Brasil e no mundo são alarmantes.

Quando se observa melhor, na maioria das comemorações ao Dia Internacional da Mulher, são entregues flores e bombons; servidos cafés da manhã, almoços e jantares; disponibilizados descontos em produtos e salões de beleza. Poucos se recordam que esse Dia deveria e deve ser lembrado pelos desafios, lutas e conquistas de milhares de mulheres ao longo dos tempos.

Durante uma greve de trabalhadoras em 1911, por melhores condições de trabalho, na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist Company em Nova York, nos Estados Unidos, morreram, num incêndio criminoso no dia 08 de março, mais de 120 mulheres. No entanto, há controvérsias, e na tentativa de se explicar a origem do 08 de março, diferentes estudos são encontrados, inclusive rebatendo essa versão. Certo é que não há consenso no assunto entre os pesquisadores.

No período da “caça às bruxas”, fim da Idade Média e começo da Idade Moderna, a porcentagem de mulheres lançadas às fogueiras excedeu 75% (setenta e cinco por cento); e o início de uma atuação mais efetiva no sentido de reivindicar melhores condições de vida e trabalho, entre outros direitos, remonta à Revolução Francesa.

A proposta de um Dia Internacional da Mulher, sem contemplar uma data específica, foi apresentada em 1910 pela militante alemã Clara Zetkin, na II Conferência Internacional de Mulheres, realizada em Copenhague (Dinamarca). A partir daí várias comemorações, variando entre final de fevereiro e meados de março, passaram a serem realizadas em diversos países, quando em 1975, foi instituído em Assembleia Geral da ONU, o 08 de março como Dia Internacional da Mulher. As comemorações mundiais nesta data têm como base as lutas das mulheres pelos seus direitos: laborais, sociais e políticos; e por uma sociedade mais justa e igualitária.

Mas o que nós mulheres temos a comemorar? Embora tenhamos conseguido muitos avanços, ainda há muito o que fazer!

Hoje no Brasil, as mulheres são maioria nas instituições de ensino e possuem maior escolaridade, mas ainda recebem menor remuneração que os homens para desempenhar as mesmas atividades; ainda ocorrem em média 179 relatos de agressão por dia e 1 feminicídio a cada 90 minutos; e das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados, apenas 51 são ocupadas por mulheres. A primeira (e única) presidente mulher foi eleita somente em 2010.

Com o sucessivo desmonte de direitos, conseguidos com muito esforço e lutas constantes, as mulheres, novamente, saem às ruas para dizer: ‘NENHUM DIREITO A MENOS” e “NÃO À REFORMA DA PREVIDÊNCIA”. A PEC 287 trará graves prejuízos à classe trabalhadora, especialmente às mulheres, que possuem jornadas duplas e, por vezes, triplas de trabalho. O Núcleo de Mulheres de Roraima (NUMUR) juntamente com outros coletivos realizará manifestação em frente ao INSS contra a Reforma da Previdência e pelos Direitos das Mulheres. Participe você também conosco no dia 08 de março da Parada Internacional de Mulheres no Brasil. Vista qualquer peça de cor roxa e faça seu manifesto.

* Conceição Sant’Anna é bacharela em Administração e tecnóloga em Gestão Hospitalar, associada da AFATABE (Associação dos Filhos e Amigos Ashé Tàtá Bòkulê) e integrante do NUMUR (Núcleo de Mulheres de Roraima).

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