O Governo de Roraima tem nomeado para comissões sobre temas culturais representantes do Conselho Estadual de Cultura de Roraima (CEC), sem consultar o conselho. Somente no Diário Oficial do Estado de 12 de dezembro de 2016 é possível encontrar dois decretos governamentais com essa situação.
Ambos os decretos,
assinados pela governadora Suely Campos, Nº 22.207-E-E e 2.208-E, nomeiam para
diferentes comissões a conselheira Elena Fioretti. Os dois foram assinados no
mesmo dia da publicação: 12 de dezembro.
O primeiro decreto nomeia
comissão para desenvolver a regulamentação da Escola de Música de Roraima. O segundo,
para propor alteração da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (Lei 318/2001).
Além disso, o decreto 22.207-E-E
nomeia ainda para a mesma comissão a Secretária de Estado da Cultura, Selma Mulinari,
também representando o CEC. Entretanto, segundo a lei Nº 055/1993, que criou o Conselho
Estadual de Cultura, o titular da Secult não compõe o conselho. O máximo que a
lei prevê é que, sempre que estiver presente às reuniões, o Governador do
Estado ou o Secretário Estadual de Cultura assumirá a presidência de honra do CEC.
Não é a primeira vez
que a mesma conselheira tem sido nomeada pelo Governo para comissões sem que o CEC
tenha feito a indicação. E pior: até mesmo, sem que o conselho tenha tomado conhecimento
da nomeação. Sem contar que a medida sobrecarrega uma só conselheira, quando
poderia ter a contribuição de diferentes e qualificados conselheiros.
A informação de que o CEC
não foi consultado, tampouco informado sobre tais nomeações, foi prestada por
alguns conselheiros que contatamos. Nenhum deles questiona a qualificação da
referida conselheira para contribuir com tais comissões, muito menos representar
o CEC, uma vez que Fioretti faz parte do conselho desde que ele foi criado, em
1993, pelo então governador Ottomar Pinto, sendo nomeada por todos os governadores
posteriores: Neudo Campos, Flamarion Portela, Anchieta Júnior e Suely Campos.
A questão é que o CEC foi
criado para ser um órgão superior de assessoramento à Secretaria Estadual, de âmbito consultivo, normativo, fiscalizador e deliberativo na
orientação das atividades culturais do Estado. E, para que cumpra seu papel, precisa
ter a autonomia respeitada.
Outro problema é que a
conselheira nomeada representa o Governo do Estado no CEC, composto por seis representantes
da sociedade civil e cinco do Governo. Desse modo, as comissões nomeadas pela
governadora, de uma gestão que se intitula Governo do Povo, ficam sem representação
da sociedade civil.
Além disso, espera-se que,
principalmente, em relação às modificações na Lei Estadual de Incentivo, haja
consulta pública ampla e efetivamente democrática. Aliás, em 2015, o CEC entregou
à Secult minuta de novo decreto de regulamentação da Lei de Incentivo, quando
foi feito acordo de que seria realizada consulta popular sobre mudanças na lei,
no decreto e no edital, o que até hoje não se concretizou.
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