quarta-feira, 22 de novembro de 2017
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Festival de Música de Rorainópolis foi palco para desrespeito com a cultura local
O
VII Festival de Música de Rorainópolis (Festmur) era para ser magnífico, mas
parece que foi só pra Joelma ver. Pelas informações de diferentes fontes, enquanto
os artistas nacionais foram tratados a pão de ló, os artistas locais passaram
por maus-tratos.
As
denúncias são muitas: uma delas é que músicos da banda base, contratados para
tocar durante a apresentação dos candidatos, não foram pagos. Sem receberem ao
menos metade do cachê, como ocorreu com as atrações nacionais, recusaram-se a trabalhar
no terceiro e último dia do festival. E com toda razão. Afinal, não é assim que
a banda toca. Há reclamações também sobre falta de fornecimento de alimentação para
os integrantes da banda, além de não pagarem como prometido a hospedagem para
músicos de outros municípios.
Da
mesma forma, há relatos de falta de estrutura mínima para os candidatos, que
teriam ficado sem cadeira para sentar e sem água. Eles teriam sentado em
caixas, atrás da estrutura de som, porque os camarins eram exclusivos para as
bandas nacionais.
“Foi
dito que seria anunciado o resultado final após a apresentação da banda Magníficos
e acabaram divulgando apenas três resultados, sendo que ainda tinham outros quesitos
a serem julgados”, relatou a espectadora Arlessandra Bibiano.
Indignado,
o cantor Ernandes Dantas teria subido ao palco para exigir respeito pelos candidatos.
Mesmo assim, o resultado final foi divulgado somente por volta das seis horas
da manhã. “Nem chegaram a chamar os artistas ao palco. Fizeram uma divulgação
simbólica”, declarou Arlesandra.
O
prefeito Leandro Pereira reconheceu ao Blog do Luiz Valério que o resultado foi
divulgado “bem tarde”, mas assegurou que todas as premiações, assim como a
classificação, foram anunciadas de acordo com o edital. Nem a página, nem o
perfil no Facebook da prefeitura ou do prefeito de Rorainópolis divulgou o
resultado oficial do Festmur.
Um
dos candidatos, que pediu para não ser identificado por temer perseguição, disse
que a organização “sumiu” com as avaliações dos candidatos, sem saber explicar
o que houve, o que teria causado o atraso no anúncio do resultado. Além disso,
pelo menos três dos cinco membros do júri não teriam conhecimento técnico de
música e, portanto, não teriam condições de participar do processo de avaliação.
Segundo
Ernandes Dantas, no último dia do Festmur, os dez classificados para a grande
final foram informados por um dos organizadores de que teriam que se apresentar
às 19 horas “nem que tivesse apenas um cachorro assistindo”. “Isso foi de um
desrespeito monstruoso para conosco”, avaliou. Depois de protesto dos artistas,
o horário foi modificado para as 22 horas.
Ernandes
Dantas considera que foi feita campanha política no festival, que é um evento
público. “O festival foi um dos maiores eventos políticos da história”, comentou
o cantor. No perfil da Prefeitura no Facebook, há um trecho do discurso do
prefeito na abertura do evento. Ao Blog do Luiz Valério, o prefeito usou a
velha estratégia de desqualificar o denunciante: “Ele [Ernandes Dantas] nem
ficou classificado”.
Sobre
o mérito da denúncia, o prefeito Leandro Pereira tirou o corpo fora: apesar de dizer
que a responsabilidade pelo pagamento aos artistas é da empresa contratada para
organizar o festival, defendeu a empresa, com a alegação de que o Ministério da
Cultura somente libera os recursos após a realização do evento e que as
atrações nacionais foram pagas com recursos de patrocínio.
Já
a versão do responsável pela empresa contratada para realizar o festival, Bruno
Dantas, é diferente: ele informou ao Blog do Luiz Valério que houve atraso na
liberação dos recursos pelo Minc por causa dos feriados e o dinheiro deve ser liberado
após o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro.
“Como
eu não recebi um real sequer e fui eu que realizei o evento, todo mundo será
pago quando eu receber”, declarou Bruno Dantas, ao Blog do Luiz Valério. De forma
contraditória, o empresário informou ao mesmo blog que estavam providenciando o
pagamento dos músicos para ser feito “antes mesmo do recebimento dos recursos
do Ministério da Cultura”. Bruno Dantas classificou a denúncia como factoide.
De
acordo com extrato de contratos publicado no Diário Oficial da União no dia 14 de novembro de 2017, a M E D Comércio e Serviços Ltda. foi contratada por cerca
de R$ 400 mil para realizar o VII Festmur. No Diário Oficial da União, de 20 denovembro, foram publicados extratos de inexigibilidade de licitação, de contratação
de cinco artistas para o festival, que, ao todo, somam mais de R$ 40 mil.
Os
recursos para o Festmur são avaliados em R$ 485 mil. O festival estava previsto
para os dias 19, 20 e 21 de outubro, para comemorar o aniversário do município,
mas foram adiados para novembro por causa da tramitação do projeto no
Ministério da Cultura. Rorainópolis completou 20 anos de criação no dia 17 de
outubro.
#LutoPelaCulturaRR
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Lançado com sete meses de atraso, edital da Lei de Incentivo tem problemas novos e antigos
A edição de 2017 do
edital da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, lançada sete meses após o
prometido (deveria ser em março deste ano, mas foi em outubro), atende a
pleitos antigos da sociedade civil, é verdade, como a possibilidade de
inscrição pela internet e um período razoável de inscrição (agora são cerca de
dois meses). Mas também traz de volta problemas que pareciam superados.
Um deles é a falta de
divulgação antes do início das inscrições. Neste ano, o período para as
inscrições começou oficialmente no dia 23 de outubro, sendo que o edital foi
publicado no Diário Oficial do Estado somente no dia seguinte (24 de outubro). Parece piada,
mas é isso mesmo!
A partir de proposta da
sociedade civil, os editais de 2015 e 2016, por exemplo, previam um período de
tempo entre o lançamento do edital e o início das inscrições, reservado para a
divulgação do edital nos municípios.
Por que isso é
importante? Porque, de modo geral, os projetos são avaliados de acordo com a ordem
de inscrição. Os primeiros inscritos são analisados antes e, consequentemente,
aprovados primeiro. Com isso, podem começar a ser executados mais rapidamente. Além
disso, a falta de divulgação prévia prejudica os pequenos produtores culturais
e artistas, que não tem estrutura para elaborar um projeto em curto espaço de
tempo, o que acaba comprometendo a inscrição e a aprovação dessas propostas.
Outro problema: nesta
edição, a inscrição é exclusiva pelo site da Secult. Inscrições presenciais e
por correio não são mais aceitas, o que dificulta a participação de produtores culturais
e artistas com dificuldade de acesso a computador e à internet, principalmente
do interior, historicamente prejudicados pelas exigências excludentes dos editais da Lei de Incentivo.
E tudo isso (a
inscrição passar a ser só pela internet) foi feito abruptamente, sem período de
transição, por exemplo, com a possibilidade, por alguns anos, de inscrições
presenciais e por internet, até que os candidatos paulatinamente estivessem
preparados para inscrições exclusivamente por internet.
#LutoPelaCulturaRR
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