sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Resposta às declarações de Selma Mulinari publicadas na Folha de Boa Vista



Em resposta às declarações da Secretária de Estado da Cultura, Selma Mulinari, ao jornal Folha de Boa Vista, esclarecemos que não somos um grupo isolado, formado unicamente de servidores públicos e conselheiros, que protestam por estarem legalmente impedidos de participar de editais públicos. Não somos meia dúzia a buscar interesse pessoal ou pleitear que o Estado os sustente, contrariando a lei. Somos muitos, em protesto para que a lei seja cumprida e a população tenha seus direitos culturais garantidos.

Temos apoio da opinião pública, nem sempre manifesta por medo de represália. E, cada vez, recebemos mais adesões, de artistas e produtores culturais, autônomos, desempregados, servidores da iniciativa privada ou pública, uma vez que viver da arte é um grande desafio no Brasil, e em especial em Roraima, devido à ausência de políticas públicas e democráticas para o setor, fruto do loteamento de cargos que, em geral, culmina na indicação política, para a pasta, de dirigentes sem capacidade de diálogo e compromisso com as demandas da sociedade civil.
Em sua fala, a secretária, pela primeira vez, reconhece publicamente e exemplifica como deu outra destinação à parte da referida verba que não o lançamento de editais aos segmentos culturais: R$ 150 mil para cachês artísticos em evento no Parque Anauá. Resta prestar contas, de forma transparente, sobre onde foram gastos os R$ 850 mil restantes.

Além disso, o exemplo acima, dado pela própria secretária, é uma demonstração de que a Secult não tinha previsto em seu planejamento o lançamento de editais para os segmentos culturais. Do contrário, teria investido tais recursos em editais, em vez de destiná-los a cachê artístico, como diz ter feito, para “não perder a emenda”.

Destacamos que, apesar de solicitar tais informações oficialmente por diversas vezes à Secult, somente agora, pela imprensa, tomamos ciência de que a conta bancária do Fundo Estadual de Cultura (FunCultura) foi criado, o que comprova mais uma vez a falta de transparência da atual gestão.

Reforçamos que já apresentamos à secretaria diversas propostas concretas, a exemplo das minutas de editais de diferentes segmentos que encaminhamos para que a Secult pusesse em prática. Além disso, colocamo-nos outras tantas vezes a disposição para o trabalho em conjunto, consultoria que, se o Governo do Estado fosse contratar, teria alto custo financeiro.

Exatamente por saber que historicamente a cultura tem parcos recursos, o que demonstra a desvalorização de um segmento tão estratégico do ponto do desenvolvimento social e econômico, nos mobilizamos e conquistamos junto à Assembleia Legislativa a emenda de um milhão de reais para editais culturais alocado na Secult.

Salientamos que sequer foi publicada a versão correta da carta resultado do #dialogaculturarr, quanto mais atender às demandas da sociedade civil explanadas no evento. Aliás, a carta atualmente está fora do ar (ver imagem abaixo). Ao menos, a Secult tem a oportunidade de publicar a versão correta do documento.
 

Por fim, a declaração de Selma Mulinari de que teve que “trabalhar do zero na secretaria” (“Tínhamos nada e começamos do zero nem equipe tínhamos e lutei para ter equipe básica para trabalhar”) demonstra o descaso que o Governo do Estado vem dando à cultura, uma vez que empossada em janeiro de 2015, a governadora Suely Campos, segunda a própria secretária de Cultura e irmã da governadora, não deu estrutura básica, nem mesmo equipe, para que a Secult funcionasse, ao menos, até que Mulinari tomasse posse em fevereiro de 2016.

#LutopelaculturaRR

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