quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Rolezinho cultural da arte roraimense

Por Thiago Briglia*

O artista precisar ir aonde o povo está. Seja noutra cidade, noutro Estado ou noutro país, o deslocamento promove no artista uma gana por apresentar o melhor de si, de sua arte e de sua raiz.

Sair do próprio eixo nos estimula a refletir, criticar e criar. Induz ao conhecimento do outro e ao reconhecimento da própria identidade.

Incentivar a circulação de bens culturais e de artistas é tarefa fundamental da gestão pública, especialmente em Roraima, onde se  está perto de tudo e, ao mesmo tempo, longe de todos,  haja vista nosso desprezo à integração com os vizinhos venezuelanos e guianenses. 

É papel do poder público incentivar a fruição de produtos e bens culturais. A gestão do Estado e dos municípios de Roraima não têm um programa de interação e circulação de produtos e produtores artístico-culturais locais.

Nos últimos dez anos, tivemos basicamente editas federais do Ministério da Cultura, dos programas de circulação do Sesc e de possíveis patrocínios de festivais e mostras competitivas, no caso de seleção de nossos trabalhos mundo à fora.

Naturalmente, alguns artistas com alguma estrutura financeira favorável e apoio particular conseguem se arriscar em itinerâncias de curta duração ou em circulação autossustentável. Mas essa não é a realidade de muitos que vivem da própria arte. Especialmente nos segmentos que envolvem grupos, como teatro, dança, música, a circulação é quase uma ilusão.

E aí, gestores de políticas culturais, vamos construir juntos projetos de circulação de obras, artistas e produtores em Roraima?

Não precisa começar com circulação em âmbito nacional ou internacional. Pode começar com um rolezinho intermunicipal e interestadual na nossa Região Amazônica. 

Tenham a certeza de que não estarão gastando para artista passear. E, sim, estimulando uma maior quantidade de gente produzindo e promovendo nossa cultura e gerando riquezas (materiais e imateriais) para quem produz e para quem consome arte.

Que tal?


*Thiago Briglia é formado em Direção Cinematográfica pela Academia Internacional de Cinema de São Paulo e em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal de Roraima.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Reagentes Culturais: como tudo começou... ou de que buraco saiu?

Reagentes Culturais é um coletivo formado por artistas, empreendedores culturais, jornalistas e intelectuais da cultura.

Foi criado em 14 de dezembro de 2014, após um "estresse" com uma instituição pública, que contratou os serviços artísticos de vários segmentos (música, cinema, teatro, etc.), mas não pagou no prazo determinado, chegando àquele período a cinco meses de atraso.

Os Reagentes tiveram, portanto, como impulso, a intenção de fazer a cultura de Roraima ter unidade, força e união, para lutar pela valorização da nossa cultura e pelo direito de que ela esteja acessível à toda população.

No início de 2015, o coletivo buscou abrir as discussões à toda sociedade, por meio de bate-papos, realizados na primeira terça-feira de cada mês, na Casa do Neuber, em Boa Vista.

Os bate-papos discutiram até agora temas como: regimes políticos contemporâneos, fontes de energia e hidrelétricas na Amazônia e os impactos ao meio ambiente, identidade cultural, política estadual de cultura: Lei de Incentivo à Cultura.

Confira abaixo o vídeo do debate sobre políticas estaduais de incentivo à cultura de Roraima:


O coletivo, inicialmente formado por Thiago Bríglia, Manoel Rolla, Alclézia Nóbrega, Eduardo Queiroz, Silmara Costa e Orlando Moreno, tem atualmente mais de 60 membros.

Texto: Alclézia Nóbrega/Aldenor Pimentel

sábado, 20 de agosto de 2016

O Brasil precisa de uma política de leitura e escrita (coluna Letras Políticas)

“Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve” – disse o escritor Lewis Caroll, pela boca do Gato, personagem da sua mais famosa obra, Alice no País das Maravilhas. Já o poeta Thiago de Mello escreveu: “não tenho caminho novo. O que tenho de novo é o jeito de caminhar”.
Quem costuma se aventurar pelo mundo mágico das palavras sabe que, tão importante quanto o desfecho de uma narrativa, é como se chega lá. A nação que almeja ser um país de leitores e de gente que escreve a própria história deve ter não só um plano, mas uma política de leitura e escrita.
O projeto de lei n. 212/2016 tramita no Congresso e pretende instituir a Política Nacional de Leitura e Escrita. O projeto é fruto de um amplo e longo debate entre a sociedade civil organizada e o Poder Público, que, entre outros, rendeu frutos como o Plano Nacional do Livro e Leitura, instituído em 2006.
O projeto de lei prevê que a Política Nacional de Leitura e Escrita seja implementada pelos ministérios da Cultura e da Educação, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e com a participação da sociedade civil e de instituições privadas.
Alguns dos objetivos do projeto são democratizar o acesso ao livro; fomentar estudos e indicadores nas áreas do livro, da leitura, da escrita, da literatura e das bibliotecas; desenvolver a economia do livro; promover a formação profissional nos segmentos criativo e produtivo do livro e mediador da leitura; e incentivar a criação e a implantação de planos estaduais e municipais do livro e da leitura.
Para que esta não seja uma lei que nasça letra morta, a sociedade civil deve participar ativamente de sua construção, exigir a realização de audiências públicas e se fazer presente nesses importantes momentos da elaboração de políticas públicas para o setor. Temos um bom caminho pela frente. Caminhemos…

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

BV, é assim que me querem? Que p... é este?

Ira: bacana. 
Urbana Legion: bacana. 





Centenas de milhares de reais que a Prefeitura vai possivelmente destinar para um único evento privado e (até hoje sempre) pago: nada bacana. 

Falta de políticas públicas para a área cultural e cegueira proposital dos gestores da área para os trabalhos de quem vive por aqui e se desdobra para fazer atividades continuamente: nada bacana ao cubo.

Texto (exceto o título): Edgar Borges

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Arquitetura, Urbanismo e responsabilidade

O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRR tem 11 anos. Passou por alguns momentos críticos, com falta de professores e até com manifestações dos discentes, mas o esforço em mantê-lo vivo se reflete na vontade dos professores e alunos. Único curso de Arquitetura e Urbanismo do estado de Roraima, que já contribuiu até agora com 65 profissionais para o mercado de trabalho local e para o fortalecimento da menor representação estadual do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. E o que isso tem de importante?
Depois de tantos revezes e momentos tensos, o curso passou por avaliação do MEC no início do mês, auferindo nota 4, o que é excelente, no contexto histórico do curso. O que isso significa? Por um lado, o reconhecimento do trabalho de uma comunidade acadêmica de docentes, discentes e gestores empenhados no crescimento dos cursos da UFRR, por outro a percepção das potencialidades, por parte das avaliadoras, de nosso curso na perspectiva de sua contribuição para a região Norte e a nossa especial condição de zona de fronteira.
Quem estiver envaidecido com essa nota 4, deve pensar também na responsabilidade que esta representa, afinal, a sociedade irá exigir proporcionalmente ao crédito que nos foi dado. E o que faz um Arquiteto e Urbanista?

A cidade é como um jogo de cartas


Antes de tudo, propõe espaços, não apenas constrói, mas pensa sobre eles, sejam pequenos ou grandes, um ambiente ou uma cidade. Estuda, precisa de informação confiável para produzir bons resultados. Não se faz um curso de Arquitetura e Urbanismo sem a contribuição de todos os agentes – que não só estão na universidade, mas da sociedade em geral – que demandarão profissionais, mas que também precisam saber o que esperar deles. Há necessidade de inserção no mercado daqueles que se formam, seja por contratação em órgãos públicos, seja para que a reforma da casa seja coerente, econômica e eficiente. Os arquitetos e urbanistas precisam de informações, demandam isso de várias instâncias públicas que, também, precisam disponibilizar o acesso a isto. Precisamos, ainda, de parceiros para desenvolver atividades de pesquisa e extensão.
Essa avaliação positiva, a qualidade do ensino público e a formação dos arquitetos e urbanistas, no único curso do estado, depende de todos, não apenas dos mais diretamente envolvidos. Parabéns a todos que estão nesse jogo.


Texto: Cláudia Nascimento
Arquiteta e Urbanista, especialista em Semiótica e Artes Visuais, mestre em Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Patrimônio, Restauro e Tecnologia, professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Programação do Abandono [Seria cômico se não fosse trágico]

Bem que poderia ser ficção...


Intervenção Artística Cultural: Programação do Abandono

– Eu vi uma propaganda e corri pro Teatro Carlos Gomes.
– E aí?
 Aquela mesma novela de sempre: era uma peça, meio drama, meio teatro do absurdo, mistura de farsa com teatro de sombras.
 Então acho que é teatro de revista.
 Por quê?
 Porque essa cena eu tenho visto e revisto toda vez que passo por lá!

Intervenção/Foto: Coletivo Carapanã
https://www.facebook.com/coletivocarapana/?fref=ts
Boa Vista - RR, 2016

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Cadê a cultura na Cultura?

E o cargo de nova secretária-adjunta de Estado da Cultura vai para...


Maria Stela Adjafre Pinheiro Cardoso
Foto: arquivo pessoal (rede social de Mr. Mark Zuckerberg)

Conheça a nova secreta (rico e, por isso, resumido currículo)
É/FOI/ESTÁ/ESTEVE:
  • empresária/administradora;
  • especialista em Comércio Exterior, pela Fares;
  • sócia e diretora financeira da Fares;
  • sócia do Auto Posto Shop;
  • sócia do Auto Posto Anauá;
  • sócia do Posto Pinheiro 1;
  • sócia da microempresa Savana Importação e Exportação;
  • sócia do Tribunal Arbitral de Roraima;
  • filiada ao PSDC;
  • do signo de touro;
  • filha de José Mozart Holanda Pinheiro (Dr. Mozart);
  • em relacionamento sério com o deputado estadual (PP-RR) Brito Bezerra;
  • vice-reitora da UNIVIRR, no Governo José de Anchieta Júnior;
  • exonerada do cargo comissionado de assessora parlamentar da Assembleia Legislativa de Roraima, na gestão Jalser Renier, em abril de 2016.
Alguém sente falta de algum detalhe, tipo formação e/ou experiência na área da cultura?

domingo, 7 de agosto de 2016

​Ocupar com todas as letras (coluna Letras Políticas)

O recuo do Governo Temer que o levou a desextinguir o Ministério da Cultura representa uma vitória dos direitos culturais brasileiros e o poder de mobilização dos artistas, produtores culturais e militantes do segmento. Os fazedores de literatura também ajudam a construir essa história, que ainda não acabou, mas esperamos tenha final feliz.
Diferente do que dizem os grandes veículos de comunicação do País e as intermináveis campanhas difamatórias nas redes sociais, não queremos regalias. Não nos interessa a distorcida política da Lei Rouanet, que, refém de critérios mercadológicos, concentra a maior parte do incentivo nos dois Estados mais ricos do Brasil e acaba por destinar recursos públicos para a promoção de grandes empresas.
Queremos políticas públicas que deem especial atenção aos grupos e segmentos historicamente excluídos dos direitos de acesso aos bens e serviços culturais e que promovam a democratização do acesso à produção cultural.
Queremos a continuidade e o aperfeiçoamento de iniciativas como a Política Nacional de Cultura Viva, o Prêmio Viva Leitura, o suporte à participação de representantes da sociedade civil no Conselho Nacional de Política Cultural, editais de fomento à criação, à publicação, à circulação, à formação, a intercâmbios literários e à estruturação de bibliotecas comunitárias. Para ter o efeito necessário e duradouro, essas e outras ações devem ser assumidas como políticas de Estado, mais que de Governo.
Esta coluna é um espaço de exposição e diálogo sobre políticas voltadas à literatura, ao livro, à leitura e às bibliotecas. Como toda obra aberta, de que fala Umberto Eco, este é um território aberto a sugestões de temas e a discussões. Que nos ocupemos delas e as ocupemos com todas as letras!
Sobre o colunista
Nascido em Boa Vista (RR), Aldenor Pimentel é jornalista, doutorando em Comunicação, poeta, escritor, cineasta, militante e consultor na área da cultura. Recebeu mais de dez prêmios e menções honrosas em concursos nacionais de contos e poemas. É colaborador da Revista Pacheco, revista literária on-line, e autor do livro Deus para Presidência (2015).
Além disso, é titular do Setorial de Literatura, Livro e Leitura do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), 2016-2017, e dá nome a um concurso literário em Roraima e ao Espaço de Leitura e Pesquisa em Artes, em Boa Vista (RR), homenagens prestadas pelo Espaço Cultural Harmonia e Ritmo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Programação do Abandono [Você é o que escolhe!]



Seja bem-vindo(a) à sua casa

Intervenção Artística Cultural: Programação do Abandono
Casa da Cultura ou
Casa Abandonada?

Intervenção/Foto: Coletivo Carapanã
https://www.facebook.com/coletivocarapana/?fref=ts
Boa Vista - RR, 2016